Consumo Alimentar e o minimalismo

Recentemente li um livro incrível que me foi disponibilizado devido às circunstâncias da pandemia: a amazon liberou o acesso gratuito à alguns títulos online e o escolhido por mim foi "A riqueza da vida simples", do brasileiro Gustavo Cerbasi. 
A obra nos convida à diversas reflexões sobre o nosso estilo de vida. Quando digo "nosso", me refiro à sociedade do qual fazemos parte. A escrita traz temas que vão desde questões financeiras (orçamento, gastos, poupança, investimento) até a sonhos, felicidade, conhecimento pessoal e, porque não, a alimentação. 
Na verdade a temática está dentro do capítulo em que o autor aborda o estilo de vida Minimalista, ainda pouco difundido e de interpretação errônea (como se minimalismo fosse sinônimo de viver com o mínimo possível e de forma sem vida e sem graça, ou, viver como os hippies).
Pois bem, quando li sobre a perspectiva minimalista no modo de se alimentar parei para escrever este texto, tamanha foi minha surpresa. O primeiro ponto que me chamou a atenção foi o destaque dado ao assunto: a alimentação é um ato dotado de tamanho simbolismo e repercussões que mereceu um espaço num livro talvez rotulado como "de economia".
O segundo ponto foi me pegar pensando e concordando com o que o autor colocou. Segue um trecho: "Um cardápio minimalista utiliza poucos ingredientes, mas explora as diversas formas de preparo, de acondicionamento e de reaproveitamento dos ingredientes para gerar menos desperdício e menos lixo a ser recolhido e tratado. Esse raciocínio pode ser aplicado a diferentes itens de consumo, em qualquer realidade social. Ao desenvolver o mindset de comprar menos e impactar menos, combinamos a economia doméstica com a valorização do comércio local e a redução do impacto social".
O terceiro foi pensar: porque eu não estou falando sobre isso??? Não no sentido de invejá-lo ou achar que sua colocação foi indevida, mas sim no de que sou Nutricionista e mais do que fazer parte da minha profissão, esses questionamentos e ideais fazem parte de quem eu sou atualmente! Ao longo dos últimos 5 anos venho me preocupando muito com o impacto das nossas decisões alimentares sobre o meio ambiente. E mais do que isso: qual é o nível de transformações pessoais que um estilo alimentar mais sustentável (e aqui uso essa palavra abarcando todos os sentidos) pode gerar? Poderemos nos tornar seres humanos mais generosos ao ir para a cozinha e preparar uma refeição para os amigos?? Podemos nos tornar mais críticos ao aprendermos a ler os rótulos dos alimentos, sabendo exatamente quais os ingredientes colocados no produto? Nos tornaríamos mais preocupados com o aproveitamento das nossas roupas (o famoso "usar até rasgar") ao aprender a utilizar todas as partes de um legume ou fruta em preparações culinárias?
Será que atitudes mais conscientes em relação à comida podem nos despertar para atitudes de  reflexões pré consumo material? Seria a alimentação uma forma norteadora de atitudes melhores e mais preocupadas com o amanhã? Ou mesmo o inverso: será que repensando o consumismo irresponsável e desnecessário que tanto tem afetado a natureza, não estaríamos nós no caminho de modificarmos nossa forma de comer e de adquirir nossos alimentos?!
Para mais uma "sacudida" de ideais (e não ideias!) recomendo o livro citado e também o documentário "Minimalism" disponível no Netflix.

Boas transformações!

Comentários

  1. Excelente texto e reflexão. Muito orgulhosa de vc como ser humano, mulher e profissional da nutrição. É muito importante estarmos abertas a reflexão sempre sobre nossas escolhas e como sermos a versão do nosso melhor. Abraço virtual apertado e sincero!!!

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